Bahia III

Costa do Cacau

Sabado, 04/Julho/16

Na travessia do rio, conheci dois amigos que estavam indo para Canavieiras fazer uma apresentação de dança. A viagem durou em torno de 50 minutos. Chegando em Canavieiras, tive que procurar um caixa eletrônico para sacar dinheiro e pagar o Sergio dono da lancha. A agência do Bradesco ficava próximo ao porto, retirei o dinheiro e paguei a viagem que custou R$ 40,00.

 Travessia do Rio Jequitinhonha – De Belmonte a CanavieirasIMG_20160604_132656636

Dali segui para o centro de Canavieiras. Conversei com um senhor que me explicou um pouco sobre a cidade. Dei um rolê e procurei açaí para comer, mas não consegui. Depois fui até a Praia de Atalaia, tomei um café e descansei um pouco até escurecer.

Caranguejo – Símbolo da Cidade de CanavieirasIMG_20160604_183432470

Voltei para o centro histórico em busca de capoeira, pois me falaram que teria uma roda, mas quando cheguei não achei nada. Fiz alguns contatos e nesse momento consegui localizar o Mestre Lucas, ele perguntou onde que eu estava e informei que estava no centro histórico. Ele foi ao meu encontro e levou a família. Nos encontramos e conversamos sobre minha viagem. Ele falou um pouco sobre a história da capoeira em Canavieira, depois jantamos e ele me convidou para ficar em sua casa. Ele disse que segunda-feira teria treino e que seria legal eu ficar até segunda-feira. Então eu aceitei o convite e fomos. Mestre Lucas mora em um pequeno sítio e o terrenos é todo fechado com um muro alto. Ali ele cria algumas galinhas e tem uns cachorros. Tinha também coqueiros, onde tomamos uma água de coco e depois fomos dormir.

Domingo 05/Julho/16

Acordamos e fomos tomar café. Depois os meninos me convidaram para jogar futebol e treinamos capoeira. Logo depois o Mestre Lucas chegou, pois tinha ido a um velório em Ilhéus. Almoçamos e fomos a praia para a festa de São João. Lá tinha algumas barracas e um torneio de sinuca. Depois fomos a outra praia, tomamos um banho e voltamos para casa, pois tinha jogo e o Mestre Lucas queria assistir. Aproveitei para descasar e escrevi um pouco. Jantamos e fomos dormir.

Segunda 06/Julho/16

Eu e mestre Lucas tomamos um café e saímos pela cidade para tentar consertar a bike, pois estava com um barulho estranho. A princípio procuramos um cubo com a catraca nova para substituir, mas não conseguimos em nenhum lugar. Depois passamos para visitar o Mestre Barriga. Conversamos e ficamos de nos encontrar mais tarde na roda.

Mestre Lucas Sid e Mestre BarrigaIMG_20160606_223714

Após almoço os meninos foram para a aula, Mestre Lucas e Sara saíram e eu fui descansar e aguardei eles chegarem.

Filhos do Mestre Lucas – Bizóio, Pedro Lucas e SavinhoIMG_20160606_223459

Depois fui no centro comprar um chinelo, pois o meu já estava todo cortado devido aos dentes dos pedais. Quando cheguei na casa, tomamos um café, pegamos as roupas de capoeira e fomos para a roda. Academia fica no porto, chegamos lá e aguardamos um pouco até a galera chegar. No início da roda, mestre Lucas me apresentou e falou sobre minha passagem ali na cidade. A Roda começou em toque de Angola e depois para São Bento Grande. Joguei com Mestre Lucas, com Mestre Galego e com a rapaziada.

Mestre Lucas, Mestre Barriga, Mestre Galego e a galera do ACAZIMG_20160606_223615

Após a roda fomos para casa, jantamos e fomos dormir.

Bizóio, Sara, Savinho, Mestre Lucas e SidIMG_20160606_223211

Terça 07/Julho/16

Acordamos cedo, pois mestre Lucas tinha um compromisso em ilhéus e saímos de casa em torno de 5:00hs. Agradeci ao Mestre e a Sara por toda recepção e amizade que eles me proporcionaram. Obrigado Mestre Lucas pela hospedagem e parceria. Forte axé a toda Família!!!!

Segui viagem pela rodovia em direção a Olivença.

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O amanhecer do dia foi maravilhoso! Foi bom acordar cedo para pegar a estrada. Para passar pela cidade de Una, peguei uma pequena e loga serra, tanto antes quanto depois da cidade, a qual localiza-se num vale, em torno do Rio Una. O tempo estava com sol forte entre poucas nuvens e o vento soprava do nordeste, que batendo de frente dificultava minha pedalada. Na rodovia em frente a Praia de lençóis parei para almoçar, consegui uma marmita por R$ 12,00 e fui para a praia comer e tomar um banho. Descansei um pouco, tomei uma água de coco que consegui pegar em um coqueiro e segui viagem. Chegando em Olivença logo fui tomar um banho de mar.

Praia de OlivençaIMG_20160607_161439733_HDR

Dei um rolê na pequena cidade de Olivença e logo fui perguntando para alguns meninos que ali passavam sobre aulas de capoeira. Eles me falaram que tinha um professor chamado Zumbi que ensinava na quadra de esportes. Perguntei onde ele morava e eles me falaram que era na subido do morro, então fui procura-lo. Entre sobre e desce entre as ruas do morro, consegui localizar a casa. Chamei e o Professor Zumbi apareceu na porta, saiu para a rua e conversamos. Contei sobre minha viagem e ele me falou um pouco sobre sua história com a capoeira. Infelizmente aquele dia não teve aula, mas foi bom, pois nos conhecemos e trocamos altas ideia. Como já estava noite, fui procurar um lugar para descansar e acabei dormindo na Praia de Batuba.

Quarta 08/Julho/16

Acordei e logo procurei uma tomada para colocar o celular para carregar, pois este é o grande dilema da viagem. Logo depois apareceu um guarda do local, pois montei minha barraca atrás de um quiosque, mas informei a ele que já estava de saída. Arrumei tudo, tomei meu café e parti pela BA001. No caminho a bike começou a apresentar problemas, a catraca já não mais ficava livre e quando parava de pedalar a catraca continuava a girar enrolando a corrente. Passei por algumas comunidades e cruzei o rio Cururupe entrando em Ilhéus. Chegando na cidade, logo fui perguntando para algumas pessoas, onde encontraria uma loja de bike, foi quando conheci Aracildo, um ciclista do local que prontamente vez por me ajudar. Estávamos em frente a sua casa, primeiro me ofereceu água e depois me acompanhou em uma oficina de um amigo. Porém o mecânico não tinha esta catraca e tão pouco peças para substituir. então eles me aconselharam a procurar a Pedal Bike, próximo a central de abastecimento de malhado e fui até lá. Valeu Aracildo pela Força, forte axé!!!

Sid e Aracildo

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Na loja uma moça me atendeu e disse que teria um mecânico que poderia me ajudar. Ele tava cheio de serviços, mas me deu prioridade devido a minha viagem. ele abriu a catraca, limpou e trocou o colar de esferas. Enquanto estava aguardando, procurei alguma estadia no couchsurfing. Passei algumas mensagens e recebi retorno de uma pessoa chamada Lina. Disse que poderia ficar em sua casa sem problemas, mas ela só chegaria no final de tarde. Em momento fiquei tranquilo, pois já tinha um lugar para ficar. O serviço ficou muito bom e o valor do conserto ficou em R$ 30,00. Dali fui almoçar e depois fui na beira da praia descansar um pouco.

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Mas tarde comecei a procurar a capoeira, perguntava para um e para outro. A referência que tinha era Mestre Vigílio, mas não estava conseguindo o contato. Passei em algumas outras lojas de bike para ver se conseguia o descanso da bike que tinha quebrado, mas não encontrei em nenhuma loja. No final da tarde, tomei um café e fui procurar a casa de Lina. Chegando em sua casa fui muito bem recebido, ela mora com seu filho e disse para eu ficar a vontade e fui tomar um banho. Foi quando recebi retorno de uma aluna do Mestre Virgílio informando que teria aula no morro da Conquista. Conversei com Lina e expliquei que teria uma atividade e precisava sair, ela disse que tudo bem e quando volta-se poderia jantar e descansar a vontade. Então peguei a bike e fui atrás da escola de Capoeira Angola Mucumbo. Chegando lá, estava rolando aula com as crianças ministrada pelos alunos mais velhos do mestre. Me apresentei ao Mestre Virgílio e falei sobre minha viagem, conversamos um pouco e logo iniciou o treino dos adultos. O Mestre me convidou para treinar e eu prontamente aceitei. Depois do treino fizemos uma roda e finalizamos com uma conversa. Me despedi do mestre e sai. Obrigado Mestre Virgílio pelos ensinamentos, forte axé a vc e todos do grupo Mucumbo.

Mestre Virgílio e seus alunosIMG_20160608_230045

Comi uma pizza e fui para casa de Lina descansar. Falei com o porteiro e ele me disse que é capoeira, ai ficamos conversando sobre capoeira alguns minutos, subi para tomar um banho e fui dormir.

Quinta 09/Julho/16

Sai cedo da casa da Lina, ela ainda estava dormindo. Escrevi com muito carinho uma carta agradecendo pela hospedagem, organizei minhas malas e sai. Obrigado amiga Lina pela confiança e hospedagem, forte abraço!!!

Peguei a BA001, cruzei a ponte sobre o Rio Almada rumo a Serra Grande. Parei em um bosque para tomar um cafezinho. Troquei algumas mensagens com Mestre Cabelo e ele já estava me aguardando, disse que estava já acompanhando minha viagem. Nos conhecemos em São Paulo na academia de Mestre Plínio, onde fizemos um jogo, nos conhecendo então, na capoeiragem.

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Seguindo um pouco mais a rota, comecei a me aproximar de um casal de ciclista e quando cheguei mais próximo percebi que era as bikes que tinha visto na loja JP em Porto Seguro. Sabia que eram de Portugal pela bandeira que carregavam no bagageiro. Os ciclistas eram Peter Lamb e Asia Sikora. Conversamos e batemos umas fotos no mirante. Descobri que a menina não era de Portugal e sim da Polônia. Pedalamos até serra grande, se despedimos e eles seguiram para chapada.

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Eu fui procurar um lugar para almoçar e depois fui procurar um lugar para descansar, para depois chegar no Barracão De Angola. Segui sentido ao mirante 02, porém o acesso estava fechado por uma cerca e uma porteira. Então entrei no mato para procurar um lugar, mas infelizmente os mosquitos não me deixaram em paz. Até tentar aguentar um pouco, mas não teve jeito, sai e fui para a praça central. Sentei em um banco e li um pouco o livro do Cassino, depois fui para o Barracão.

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Chegando na porta, vi logo Mestre Cabelo tocando atabaque e cantando para algumas crianças, acompanhado pelos seus pais e quando o mestre me viu, sorriu e pediu para eu entrar. O Barracão é um espaço alucinante, muito bacana e hostil. Após a aula das crianças conversamos, ele me apresentou a Mestra Tizsa galera e me mostrou o espaço cultural. Mais tarde iniciou a aula de dança afro e ensaio referente a apresentação no sarau que iria acontecer no sábado. O mestre me passou alguns toques para acompanhar na bateria, as as meninas dançam e ensaiaram algumas vezes, combinando para se encontrarem novamente na próxima noite, depois da aula de capoeira.

Barracão De AngolaIMG_20160609_175015544

Mestre Cabello finalizou os trabalhos e me convidou para ir dormir lá na fazenda Ouro Verde. Neste dia conheci a Professora Camarão,  aluna de Mestre Camisa de Durham, Carolina do Norte, onde nasceu e tem um trabalho com a capoeira.Tomamos um banho por ali mesmo e saímos. Batemos um papo sobre a capoeira do mundo, jantamos e fomos descansar.

Sexta, 10/Julho/16

Ao acordar, Mestre Cabello aos poucos foi me mostrando o que tinha a fazenda de Ouro Verde. Além da da casa que mora com a Mestre Tizsa e suas duas filhas, hospeda a galera que vem para fazer o evento de capoeira angola. Tem dormitórios, um espaço para alimentação com lareira, fogão, pia, mesas, redes… e um grande banheiro em outra edificação com sanitários e chuveiros. O local tem água natural e não tem energia elétrica. Mestre Cabello me convidou para entrar na mata, me mostrou os pés de Biriba e o estudos que faz buscando a melhor forma de plantio, corte e poda destas árvore. Depois fomos para o Barração fazer alguns trabalhos. No final da tarde Mestra Tizsa iniciou a aula das crianças e depois tocou a aula dos adultos. Fizemos alongamento, uma serie de movimentos e sequencias e depois finalizamos com a bateria e roda de cantos.

Mestre Cabello, Mestra Tisza e alunos da Capoeira de Angola Ouro verde IMG_20160610_202146508

Depois do treino, teve ensaio das meninas da dança afro. Mais tarde eu, Cabello e Camarão saímos para comer o acarajé da Toinha e fomos para fazenda dormir.

Sabado, 11/Julho/16

Acordamos, tomamos café e saímos para o Barração. Foi dia de mutirão para toda a galera, que foram chegando aos poucos, cada qual com uma função. Neste dia o Barracão de Angola iria receber visita do Google para ganhar uma pagina.

Preparando a corda para os Berimbaus.13403223_10156943453570580_7577104768375899293_o

A galera foi finalizando os trabalhos, ajustando os últimos detalhes e por natureza, as roupas brancas começaram a surgir. Neste momento ,chega Mestre Virgílio e seus alunos. Após os cumprimentos e de muita conversa, a roda no Barração começou!!! Com a bateria formada, escuta-se um Iêêê! Inicio-se uma ladainha. Dois alunos ao pé do berimbau, ouvem atentamente o canto do mestre, e após um belo lamento, a roda vibra com a entrada do corô louvando, a tudo que é mais sagrado e no momento certo, os capoeiras saem para jogo.

Sid, Mestre Cabello e Mestre VirgílioBarração de Angola

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Mestre Virgílio13509766_1053578448068133_1341177913_o

Após a roda fomos almoçar em um restaurante próximo a rodovia com Mestre Virgílio. Lá ele contou muitas histórias, almoçamos e se divertimos até escurecer. Depois saímos para a praça central, pois estava começando o sarau. Teve muitas apresentações, entre elas a dança afro, e a galera fez bonito. Noite cheia de parcerias e amizades, dançamos forro e ficamos até tarde conversando. Depois fomos para a fazenda descansar.

Domingo 12/Julho/16

Acordamos e Mestre Cabello me convidou para dar uma volta e conhecer o antigo barracão onde iniciou as primeiras aulas  na ouro verde. Mostrou-me os trabalhos com a terra, o lago e uma cachoeira show de bola! Conversamos sobre a capoeira a todo momento e os Mestres me passaram algumas referencias de capoeira do litoral do nordeste até o norte. Depois saímos e fui pegar minha bike no barracão, agradeci e me despedi de todos e segui para Itacaré.

A Viagem foi tranquila, passei por diversas praias e cheguei em Itacaré. Na entrada da cidade, o que muito me chamou a atenção foi a o crescimento urbano desordenado nas margens da entrada da cidade nestes últimos anos. Ao chegar na praia fui tomar um café e depois um lugar para pousar, pois era domingo e não rolou roda de capoeira. Procurei um pousada. Foi quando recebi uma mensagem do Coruja, aluno do Mestre Cabello e me falou para procurar a pousada Bananas e foi lá que acabei ficando. O custo foi de R$ 20,00 e logo consegui um lugar para colocar a barraca

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A noite rolou uma festinha com a galera que estava se hospedando no Camping. Tomamos uns sucos e se divertimos. encontrei um Japonesa que estava ali para surfar e conhecer o mar de Itacaré. Como não sabíamos falar a mesma língua fazíamos gestos com as mãos e sons para tentar ajudar na comunicação, foi bem engraçado.

Segunda,13/Julho/16

O dia amanheceu chuvoso e voltei a dormir. Acordei um pouco mais tarde, preparei um bom café, arrumei a barraca e me despedi da galera, pois queria ainda chegar em Algodões. Conheci no Camping um ciclista colombiano, que estava indo para o Rio de Janeiro para pegar as olimpíadas. Ele me deu um cartão postal de presente. Batemos uma foto e nos despedimos. Axé meu camarada, boa viajem!!!

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2 Comments on “Bahia III

  1. Valeu companheiro , foi muito bom lembrar de sua passagem na nossa aldeia , volte sempre e as pessoas do bem sejam sempre bem vindas por aqui , saúde ,Axé e paz na sua caminhada

    • Salve Mestre Cabello.
      Eu que agradeço pela oportunidade, parceria e ensinamentos. Desejo tudo de bom a vc e a toda galera de Serra Grande! Axé!

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